quinta-feira, 29 de agosto de 2013

[URC] Nota de apoio ao povo sírio diante da ameaça imperialista


Na última nota de solidariedade ao povo sírio publicada pela União Reconstrução Comunista, deixamos claro nossa posição a respeito do conflito engendrado e imposto pelo imperialismo norte americano ao país. A evolução dos acontecimentos recentes, que apontam para uma iminente intervenção imperialista no país demonstra a justeza de nossa analise. O povo sírio vive hoje momentos dramáticos em defesa de sua soberania nacional e o imperialismo se esforça de maneira violenta para destruir a Síria enquanto nação independente.

É mais do que necessário que todas as forças democráticas, antiimperialistas e revolucionárias demonstrem sua solidariedade internacionalista ao povo sírio, seu governo ameaçado e a todas as forças políticas anti-imperialistas do país. Aqueles que acreditavam ingenuamente que o povo sírio empreendia uma "revolução" contra o governo de Bashar Al Assad terão que fazer uma radical autocrítica de suas posições, que na prática, mesmo com o uso de um discurso de retórica pseudorrevolucionária serviram ao imperialismo norte americano, vide PSTU e outros grupos trotskistas contrarrevolucionários.

Na Síria em nenhum momento houve o desenvolvimento de uma revolução, como ingenuamente apregoam alguns. O que se viu no país foi o desenvolvimento de um conflito que fora desde o começo instigado e apoiado pelo imperialismo norte americano, que se aproveitou das contradições internas do país e da eclosão de revoltas no mundo árabe, mais notadamente, na Tunísia e no Egito.

Para se comprovar que o ocorreu na Síria nos últimos dois anos não é de fato um processo revolucionário, mas sim uma guerra civil instigada pelo imperialismo, basta analisarmos a posição deste último diante de verdadeiros processos revolucionários, como o das Guerras Populares nas Filipinas e Índia, dirigidas por seus respectivos Partidos Comunistas. Nesses países o imperialismo não vacila em dar todo apoio e suporte aos Estados reacionários que são combatidos pelas forças revolucionárias, democráticas e antiimperialistas. Para utilizarmos um exemplo dentro do próprio mundo árabe, lembremos da postura de omissão do imperialismo diante da brutal repressão empreendida contra manifestantes em países como o Qatar, este alinhado aos interesses norte americanos.

Para nós da União Reconstrução Comunista, fica claro que a luta na Síria é uma luta de defesa de sua soberania nacional contra o imperialismo e, sendo assim, prestamos nossa solidariedade internacionalista ao povo sírio, aos partidos e organizações antiimperialistas e ao dirigente do país, Bashar Al Assad, que no momento vive uma intensa campanha de difamação internacional.

Imperialismo, tire suas mãos da Síria!
Vitória para Bashar Al Assad e organizações antiimperialistas sírias!

UNIÃO RECONSTRUÇÃO COMUNISTA
São Paulo, 28 de agosto de 2013

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

(NOTAS DA GUERRA POPULAR) Exército Vermelho da Índia causa sete baixas contra a reação


Na última segunda-feira (28), pela manhã, quatro policiais das Forças de Segurança Fronteiriças (FSF) foram executados e três outros foram feridos após a explosão de uma mina terrestre plantada pelos combatentes revolucionários do Exército Vermelho. Três veículos viajavam juntos no momento da explosão. Os maoístas, escondidos atrás de uma colina, dispararam primeiro contra os veículos da repressão depois explodiram a mina terrestre. O terceiro veículo foi atingido em cheio pela explosão. Quatro soldados da reação morreram na hora, ao passo que três ficaram gravemente feridos. Os feridos foram evacuados para Visakhapatnam para tratamento hospitalar.

"Laureate compra FMU e amplia a desnacionalização do ensino"


do jornal Hora do Povo

O grupo educacional norte-americano Laureate International Universities, controlado pelo grupo de investimentos estadunidense KKR, abocanhou mais uma importante instituição de ensino privada brasileira, a FMU. Em comunicado divulgado esta semana, o Complexo Educacional FMU, que reúne as Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), Faculdades Integradas de São Paulo (FISP) e Faculdades Integradas Alcântara Machado e Faculdade de Artes Alcântara Machado (FIAM-FAAM), e possui cerca de 90 mil alunos matriculados, assume “protocolo de aliança”, com a multinacional. O valor da negociação foi de R$ 1 bilhão.

Com a compra da FMU, a múlti ultrapassa as 216 mil matrículas no ensino superior em diversas regiões do país, ampliando ainda mais a monopolização do setor em mãos estrangeiras. A FMU é a 12ª aquisição realizada pela múlti norte-americana desde 2005, quando adentrou no mercado brasileiro a partir da compra da Universidade Anhembi-Morumbi, por cerca de R$ 2 bilhões.

Esse foi o segundo maior bloco de desnacionalização do ensino privado brasileiro, perdendo apenas para a fusão entre a Anhanguera e Kroton em abril deste ano. Com quase um milhão de alunos matriculados, este conglomerado tem como principais fundos de investimento o Blackstone Found e o Advent Internacional.

Se somados os números das matrículas nas mãos de grupos estrangeiros, teremos uma marca alarmante. São mais de 1,5 milhão de vagas do ensino superior brasileiro que estão à mercê dos interesses das multinacionais. Já que a educação privada não sofre qualquer regulamentação por parte do governo brasileiro. O que, além de representar uma acentuada desnacionalização do setor, se configura como uma ameaça à soberania nacional.

Segundo os dados divulgados pelas próprias multinacionais, juntas elas possuem 1.535.300 matriculas do ensino superior. Superando em quase meio milhão as vagas das universidades federais brasileiras. Hoje três grupos estrangeiros monopolizam o setor: o grupo Estácio, administrado pelo GP Investments, com 330 mil alunos; o grupo Kroton-Anhanguera, do Blackstone Found e Advent Internacional, com 989,7 mil alunos; e a Laureate, do fundo KKR, com seus, 216 mil alunos.

Tais conglomerados agem como descaradamente como cartel. Dividindo as suas áreas de atuação, combinando preços de mensalidades e adotando os mesmos métodos de espoliação dos alunos. Os únicos órgãos que não reparam (ou não querem reparar) e não agem (ou não querem agir) contra essa malta, são justamente aqueles que deveriam atuar em defesa dos estudantes brasileiros e da livre atividade econômica no país.

O conjunto dessas transações devem ser autorizadas pelo Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que rege as relações comerciais no país. Entretanto, o órgão está longe de ser um defensor da economia nacional. O Cade jamais se opôs à aquisição das universidades brasileiras pelas múltis e inclusive não vê problemas na ideia. Tanto é que no último dia 07, aprovou a aquisição pela Anhanguera Educacional da totalidade das ações da Sociedade Educacional de Belo Horizonte Ltda., mantenedora da Faculdade Metropolitana de Belo Horizonte, e do Praetorium, Instituto de Ensino, Pesquisa e Atividade de Extensão em Direito Ltda..

E ao que tudo indica, para o Ministério da Educação o melhor seria se os estudantes brasileiros tivessem suas aulas ministradas diretamente dos EUA, por professores americanos e em videoaulas transmitidas simultaneamente na TV. Afinal, como já afirmara o atual ministro da Educação, Aloizio Mercadante, o inglês é “a língua das ciências internacionais”.

Fonte:

"A mentira tarifada"

" (...) se preparam os meios navais e aéreos do império e de seus aliados para iniciar um genocídio contra os povos árabes". (Fidel Castro)

por Fidel Castro,  em CubaDebate

O que me move a escrever é o fato de que estão para ocorrer acontecimentos graves. Não transcorrem em nossa época 10 ou 15 anos sem que nossa espécie corra perigos reais de extinção. Nem Obama nem ninguém poderia garantir outra coisa; digo isto por realismo, já que somente a verdade nos poderia oferecer um pouco mais de bem-estar e um sopro de esperança. Em matéria de conhecimentos, chegamos à maior idade. Não temos direito a enganar nem a nos enganarmos.

Em sua imensa maioria a opinião pública conhece bastante sobre o novo risco que está às suas portas.

Não se trata simplesmente de que os mísseis de cruzeiro apontem para objetivos militares da Síria, mas que esse valente país árabe, situado no coração de mais de um bilhão de muçulmanos, cujo espírito de luta é proverbial, declarou que resistirá até o último alento a qualquer ataque a seu país.

Todos sabem que Bashar al Assad não era político. Estudou medicina. Graduou-se em 1988 e se especializou em oftalmologia. Assumiu um papel político com a morte de seu pai, Hafez al Assad, no ano 2000 e depois da morte acidental de um irmão antes de assumir aquela tarefa.

Todos os membros da Otan, aliados incondicionais dos Estados Unidos e uns poucos países petroleiros aliados ao império naquela região do Oriente Médio, garantem o abastecimento mundial de combustíveis de origem vegetal, acumulados ao longo de mais de um bilhão de anos. Em contrapartida, a disponibilidade de energia procedente da fusão nuclear de partículas de hidrogênio, tardará pelo menos 60 anos. A acumulação dos gases de efeito estufa continuará, assim, crescendo a elevados ritmos e após colossais investimentos em tecnologias e equipamentos.

Por outro lado, afirma-se que em 2040, em apenas 27 anos, muitas tarefas que a polícia realiza hoje, como impor multas e outras tarefas, seriam realizadas por robôs. Imaginam os leitores quão difícil será discutir com um robô capaz de fazer milhões de cálculos por minuto? Na realidade era algo inimaginável há alguns anos.

Há apenas algumas horas, na segunda-feira, 26 de agosto, notícias das agências clássicas, bem conhecidas por seus serviços sofisticados aos Estados Unidos, dedicaram-se a difundir a informação de que Edward Snowden teve que se estabelecer na Rússia porque Cuba tinha cedido às pressões dos Estados Unidos.

Ignoro se alguém em algum lugar disse algo ou não a Snowden, porque essa não é minha tarefa. Leio o que posso sobre notícias, opiniões e livros que são publicados no mundo. Admiro o que há de valente e justo das declarações de Snowden, com o que, a meu juízo, prestou um serviço ao mundo ao revelar a política repugnantemente desonesta do poderoso império que mente e engana o mundo. Com o que eu não estaria de acordo é que alguém, quaisquer que fossem os seus méritos, possa falar em nome de Cuba.

A mentira tarifada. Quem a afirma? O diário russo “Kommersant”. O que é esse libelo? Segundo explica a própria agência Reuters, o diário cita fontes próximas ao Departamento de Estado norte-americano: “o motivo disso foi que no último minuto Cuba informou às autoridades que impediram que Snowden tomasse o voo da companhia aérea Aeroflot.

“Segundo o jornal, […] Snowden passou um par de dias no consulado russo de Hong Kong para manifestar sua intenção de voar para a América Latina via Moscou.”

Se eu quisesse, poderia falar destes temas sobre os quais conheço amplamente.

Hoje observei com especial interesse as imagens do presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro, durante sua visita ao navio principal do destacamento russo que visita a Venezuela depois de sua escala anterior nos portos de Havana e da Nicarágua.

Durante a visita do presidente venezuelano ao navio, várias imagens me impressionaram. Uma delas foi a amplitude dos movimentos de seus numerosos radares capazes de controlar as atividades operacionais da embarcação em qualquer situação que se apresente.

Por outro lado, indagamos sobre as atividades do jornal mercenário “Kommersant”. Em sua época, foi um dos mais perversos veículos de imprensa a serviço da extrema direita contrarrevolucionária, a qual se aproveita do fato de que o governo conservador e lacaio de Londres envie seus bombardeiros à Base Aérea no Chipre, prontos para lançar suas bombas sobre as forças patrióticas da heroica Síria, enquanto no Egito, qualificado como o coração do mundo árabe, milhares de pessoas são assassinadas pelos autores de um grosseiro golpe de Estado.

É nesse clima que se preparam os meios navais e aéreos do império e de seus aliados para iniciar um genocídio contra os povos árabes.

É absolutamente claro que os Estados Unidos sempre tratarão de pressionar Cuba como faz com a ONU ou qualquer instituição pública ou privada do mundo, uma das características dos governos desse país e não seria possível esperar de seus governos outra coisa; mas não é vão que há 54 anos se resiste defendendo sem trégua — e o tempo adicional que for necessário —, enfrentando o criminoso bloqueio econômico do poderoso império.

Nosso maior erro é não termos sido capazes de aprender muito mais em muito menos tempo.

Fidel Castro Ruz, 27 de agosto de 2013, 20h34

Tradução do Blog da Resistência
Fonte: Cubadebate

domingo, 25 de agosto de 2013

"Estatística da miséria e miséria da estatística"

Reproduzimos aqui artigo de Gilson Dantas que desmistifica a propaganda do governo vende-pátria e do Banco Mundial que, ignorando a tenebrosa realidade vivida por milhões de brasileiros, apresenta a mentira de que vivemos num país de "elevado desenvolvimento humano", baseado na farsa do IDH (índice de desenvolvimento humano). O artigo mostra que o modelo econômico neoliberal somente aprofundou a condição do Brasil como semicolônia exportadora de matérias-primas e nos colocou ainda mais longe das possibilidades de solucionar os graves problemas estruturais pelos quais passamos.

Em síntese: a ilusão dos tecnocratas e sacerdotes das estatísticas da miséria é a de crer que aqueles que desfrutam do monopólio do poder econômico em algum momento irão ceder na democracia para os trabalhadores e na justiça distributiva. Reiterando: mesmo os especialistas que enxergam concentração de renda, terminam acreditando que essa burguesia colada inexoravelmente ao imperialismo pode ir além, na democracia liberal (ditadura do capital) e concluir a revolução burguesa jamais completada, atingindo, por fim, a reforma agrária e alguma equidade na distribuição de renda, algum mercado interno expandido. Bons em econometria e contabilidade da pobreza, em contabilizar uma árvore ou outra, são ainda melhores em ocultar a floresta do que na contabilidade das árvores: deixam de ver a economia internacional – da qual o Brasil é parte – como uma totalidade “governada” pela ditadura dos oligopólios financeiros, industriais e comerciais (em outro momento devidamente qualificado como imperialismo). [...] o grande mal causado pelas estatísticas que mistificam e ocultam o essencial – além, naturalmente de não ajudarem na compreensão do processo social em marcha – é o de que alimentam, na própria classe trabalhadora, seu voto de confiança no governo dos banqueiros e da patronal que está afundando o povo e a Nação, tudo em nome do “povo pobre” e com apoio da burocracia sindical associada ao governo (da CUT e da Força Sindical, por exemplo). [...]
por Gilson Dantas

"Os sete governos derrubados pelos EUA"


por J. Dana Stuster, do site Foreign Policy

A era de golpes apoiados pela CIA despontou de maneira dramática: um general norte-americano viaja até o Irã e encontra “velhos amigos”; dias depois, o Xá ordena que o primeiro-ministro Mohammed Mossadegh deixe seu cargo. Quando os militares iranianos hesitam, milhões de dólares são injetados em Teerã para corromper os apoiadores de Mossadegh e financiar protestos de rua. Os militares, reconhecendo que a balança do poder começou a pesar mais do outro lado, derrubam o primeiro-ministro, que vive o resto de sua vida sob prisão domiciliar. Este foi, como um documento da CIA atesta, “uma operação norte-americana do começo ao fim”, e um dos muitos golpes apoiados pelos EUA que aconteceram pelo mundo durante a segunda metade do século XX.

Alguns líderes, tanto ditadores quanto eleitos democraticamente, foram pegos em meio ao conflito entre EUA e URSS da Guerra Fria - uma posição que custaria seus postos (e, para alguns, suas vidas) conforme a CIA tentava instalar “seus homens” no comando dos estados. O governo dos EUA reconheceu publicamente algumas dessas ações secretas; na verdade, o papel da CIA no golpe de 1953 tornou-se público esta semana. Em outros casos, o envolvimento da CIA ainda está somente sob suspeita.

O legado do envolvimento secreto dos EUA em sete golpes militares bem sucedidos (para não mencionarmos o número de intervenções militares norte-americanas contra regimes hostis, insurgências apoiadas pelos EUA, e tentativas fracassadas de assassinatos, incluindo o caso do plano para matar Fidel Castro (com um charuto explosivo), transformaram a mão secreta dos EUA em um bicho-papão nas tensões políticas de hoje. Mesmo hoje, não obstante a minguante influência dos EUA no Cairo, teorias da conspiração sugerem que tanto a Irmandade Muçulmana quanto o governo militar possuem uma sociedade com os Estados Unidos.

Abaixo, uma breve história dos casos confirmados de golpes apoiados pela CIA espalhados pelo mundo.

IRÃ, 1953. Muito se especula sobre o papel da CIA no golpe que instalou, em 1949, um governo militar na Síria. Apesar disso, a derrubada do primeiro-ministro iraniano Mohammed Mossadegh é o primeiro golpe durante a Guerra Fria que o governo dos EUA reconheceu. Em 1953, depois de quase dois anos de governo Mossadegh - durante o qual ele desafiou a autoridade do Xá e nacionalizou a indústria do petróleo iraniana antes operada por companhias britânicas - Mossagedh foi tirado de seu gabinete e preso, passando o resto da vida sob prisão domiciliar. De acordo com documentos da CIA, “foi a possibilidade de deixar o Irã aberto para uma agressão dos soviéticos - quando a Guerra Fria estava em seu auge e os EUA estavam envolvidos em uma guerra não declarada na Coreia contra forças da União Soviética e da China – que nos fez planejar e executar o TPAJAX [nome da operação do golpe]”.

GUATEMALA, 1954. Apesar dos EUA no início apoiarem o presidente guatemalteco Jacobo Árbenz - o Departamento de Estado sentia que sua ascensão apoiada num exército armado e treinado pelos EUA seria um trunfo - o relacionamento amargou assim que Árbenz tentou realizar uma série de reformas-agrárias que ameaçavam as posses da empresa norte-americana United Fruit Company. Um golpe em 1954 tirou Árbenz do poder, colocando uma sucessão de juntas militares em seu lugar. Detalhes secretos do envolvimento da CIA na derrubada do líder guatemalteco, que incluíam a equipagem de rebeldes e tropas paramilitares enquanto a marinha dos EUA bloqueavam a costa guatemalteca, vieram à luz em 1999.

CONGO, 1960. Patrice Lumumba, o primeiro primeiro-ministro do Congo (mais tarde, República Democrática do Congo), foi tirado de seu gabinete pelo presidente congolês Joseph Kasavubu em meio a uma intervenção militar do exército belga (apoiado pelos EUA) no país. Era um esforço violentíssimo para manter os negócios belgas depois da descolonização do país. Mas Lumumba manteve uma oposição armada contra os militares belgas e, após se aproximar da União Soviética para conseguir suprimentos, foi alvo da CIA assim que a agência determinou que ele era uma ameaça ao novo governo instalado de Joseph Mobutu. O Church Committee, uma comissão do Senado formada em 1975 para fiscalizar as ações clandestinas da inteligência norte-americana, descobriu que a CIA ''ainda mantinha um contato bastante próximo com os congoleses que expressaram o desejo de matar Lumumba,'' e que ''oficiais da CIA encorajaram e ofereceram ajuda aos congoleses em seus esforços contra Lumumba.'' Depois de uma tentativa interrompida de assassinato de Lumumba, envolvendo um lenço envenenado, a CIA alertou as tropas congolesas da localização do primeiro-ministro deposto, além de indicar as estradas que deveriam ser bloqueadas e as possíveis rotas de fuga. Lumumba foi capturado no final de 1960 e morto em janeiro do ano seguinte.

REPÚBLICA DOMINICANA, 1961. A ditadura brutal de Rafael Trujillo - que incluiu a limpeza étnica de milhares de haitianos na República Dominicana e a tentativa de assassinato do presidente da Venezuela - terminou quando ele foi emboscado e morto por dissidentes políticos. Apesar do atirador que matou Trujillo sustentar http://www.bbc.co.uk/news/world-latin-america-13560512 que ''ninguém me mandou matar Trujillo'', ele teve apoio da CIA. O Church Committee descobriu que ''apoio material, sendo três pistolas e três carabinas, foi distribuído para vários dissidentes… os oficiais norte-americanos sabiam que os dissidentes pretendiam derrubar Trujillo, provavelmente através de seu assassinato...''

VIETNÃ DO SUL, 1963. Os EUA já estavam muito envolvidos no Vietnã do Sul em 1963, e seu relacionamento com o líder do país, Ngo Dinh Diem, crescia cada vez mais, com tensões que envolviam a repressão de Diem sobre dissidentes budistas. De acordo com os Pentagon Papers, em 23 de agosto de 1963, os generais do Vietnã do Sul que planejavam um golpe contataram oficiais norte-americanos falando sobre seus planos. Depois de algumas dificuldades e um período de indecisão dos EUA, os generais capturaram e mataram Diem com apoio norte-americano em 1º de novembro de 1963. Avalia-se que parte do apoio consistiu em 40.000 dólares de recursos da CIA.

''Para o golpe militar contra Ngo Dihn Diem, os EUA devem aceitar sua parcela de responsabilidade,'' atestam os Pentagon Papers. ''No início de agosto de 1963 nós autorizamos, sancionamos e encorajamos os esforços para o golpe dos generais vietnamitas e oferecemos apoio total para um governo sucessor… nós mantivemos contatos clandestinos com eles durante o planejamento e execução do golpe e solicitamos a revisão de seus planos operacionais, além de sugerir um novo governo.''

BRASIL, 1964. Temendo que o governo do presidente João Goulart transformaria, nas palavras do embaixador norte-americano Lincoln Gordon, ''o Brasil na China de 1960'', os EUA apoiaram o golpe liderado por Humberto Castello Branco, à época chefe do Estado-Maior. Nos dias anteriores ao golpe, a CIA encorajou manifestações contra o governo, assim como proveram combustível e ''armas de origem não-norte-americanas'' àqueles que apoiavam os militares. ''Eu acho que devemos tomar todas as medidas necessárias, e estarmos preparados para qualquer coisa que precisemos fazer,'' disse o presidente Lyndon Johnson a seus conselheiros que planejavam o golpe, de acordo com documentos obtidos pelo National Security Archive. Os militares brasileiros se mantiveram no poder até 1985.

CHILE, 1973. Os Estados Unidos nunca desejaram que Salvador Allende, o candidato socialista eleito presidente em 1970, assumisse seu posto. O presidente Richard Nixon mandou que a CIA fizesse que a economia do Chile ''gritasse'', e a agência trabalhou com três grupos chilenos, cada um planejando um golpe contra Allende em 1970. A agência foi tão longe a ponto de fornecer armamento, mas os planos foram por terra depois que a CIA perdeu a confiança em seus contatos. As tentativas norte-americanas de destruir a economia chilena continuaram até que o general Augusto Pinochet liderou um golpe militar contra Allende em 1973. O relatório oficial da CIA sobre a tomada do poder em setembro de 1973 aponta que a agência ''estava consciente dos planos de golpe dos militares, possuía relacionamentos para coleta de dados de inteligência com os conspiradores, e - pelo fato da CIA não desencorajar a tomada e até procurar instigar um golpe em 1970 - parecia tolerá-lo.'' A CIA também conduziu a campanha de propaganda de apoio ao novo regime de Pinochet depois que ele tomou posse em 1973, apesar do conhecimento de severos abusos contra os direitos humanos, incluindo o assassinato de dissidentes políticos.

Fonte:

sábado, 24 de agosto de 2013

Nicólas Maduro denuncia ataque imperialista ao mundo árabe


O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, rechaçou este sábado a ingerência do governo dos Estados Unidos na Síria e acusou o império estadunidense de ser o mais terrorista do mundo. “Parece que os Estados Unidos pretendem criar uma grande guerra no mundo”, disse o mandatário venezuelano, que denunciou a administração de Barack Obama pelo ataque contra o povo árabe da Síria e dos demais países do Oriente Médio.

O chefe de Estado da Venezuela indicou que nos EUA se faz acreditar em uma suposta campanha contra o terrorismo enquanto os mais terroristas são eles mesmos. “Uma suposta luta contra o terrorismo, sendo que os mais terroristas são as elites dos Estados Unidos”, afirmou. Da mesma maneira, manifestou que nenhum país deve se meter nos assuntos internos das nações. “Nós acreditamos em outra humanidade. Livres ou livres, não há outra opção. Não é escravidão ou humanidade. Hoje o caminho é somente um, a liberdade e a independência”, declarou.

Afirmou que alguns grupos que agora fazem parte da direita venezuelana foram treinados pelos Estados Unidos e são financiados diretamente pela CIA. Disse que esses grupos vendem sua alma ao diabo e são capazes de atentar contra o seu próprio povo. Recordou do caso de Edward Snowden que publicou documentos que demonstram que o Governo Obama espiona o mundo, inclusive seus próprios aliados. “Até onde pode chegar a ambição de governar o mundo das elites imperialistas dos Estados Unidos que são capazes de fazer isso”, perguntou.

O presidente da Venezuela destacou em sua fala a “mentira que impõe os meios de comunicação” e fez referência a guerra que os Estados Unidos perpetraram contra o Iraque e a Líbia, quando os meios manipularam a informação para favorecer a postura estadunidense. “Agora acabam de inventar algo. Em todo caso, temos que esperar a investigação (...) há algum tempo a Síria foi alvo de um ataque químico”, afirmou o chefe de Estado, ao mesmo tempo em que agregou que os Estados Unidos tem uma “dupla moral” para questionar os assuntos internos do país árabe, “porque as armas químicas são fabricadas pelos EUA”. Igualmente denunciou que Barack Obama sustenta que “se há um ataque químico, intervamos militarmente na Síria”.

Nesse contexto, manifestou que a nação norteamericana quer “partir a Síria em quatro pedaços” e assinalou que esta determinação está baseada no fato de que este país é “a base da estabilidade do mundo árabe; é a que resiste ao avanço e a expansão (imperialista)”.

Maduro também expôs seu rechaço à “situação lamentável”, em torno do “lançamento do conjunto de armas químicas”. Nesse sentido, enviou condolências ao país que “é foco de ataques terroristas”. Também questionou que as cadeias de informação de todo o mundo “atacaram o Governo da Síria”. “Estamos no ponto de partida de uma guerra aberta contra a Síria. Nós não vamos abandonar o povo sírio”, afirmou. Disse que atuará na Unasur (União das Nações Sulamericanas), ONU (Organização das Nações Unidas) e demais organismos internacionais para fazer todo o possível pela paz para o povo egípcio, o povo sírio e o povo árabe.

Fonte:

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

[URC] Nota de Solidariedade ao Povo Sírio


No último dia 21 de agosto veio a público a informação de que cerca de 1.500 sírios foram mortos en decorrência de um ataque com armas químicas. Nos vídeos que vazaram na internet é possível ver homens e mulheres de todas as idades, agonizando até a morte. O episódio estranhamente coincide com o primeiro dia de trabalho dos inspetores da ONU, que estão no país justamente para verificar e confirmar se o governo cometeu alguma arbitrariedade contra a população. 

Para nós, fica claro que o ocorrido é apenas mais um episódio para promover a campanha de demonização do governo sírio, que resiste há dois anos contra as maquinações do imperialismo e os seus lacaios internos representados principalmente pelo Exército Livre da Síria, que nos últimos dias sofreu importantes derrotas militares para o governo liderado por Bashar Al Assad.

O imperialismo norte-americano e demais países lacaios mobilizam todo o seu aparato propagandístico para confundir a opinião pública, criando assim as condições para uma intervenção militar imperialista. Algumas organizações supostamente de “esquerda” e algumas até pretensamente “comunistas” não vacilam em se aliar ao imperialismo norte-americano sem ao menos ter um olhar crítico para os recentes acontecimentos. Tratam-se de verdadeiros idiotas uteis a serviço do imperialismo. 

Nós, da União Reconstrução Comunista, por meio desta nota, afirmamos nossa total solidariedade para com o povo sírio e todas as organizações políticas que agora formam uma Frente Única contra a intervenção do imperialismo norte-americano. Reconhecemos que as contradições internas do regime sírio devem ser resolvidos pelo próprio povo sírio, respeitando de maneira plena sua soberania e sua escolhas, assim como reconhecemos que até o momento o Partido Baath Socialista Sírio e demais forças políticas que o apóiam estão mantendo corajosas posições contra o imperialismo. 

O povo sírio, herdeiro de uma bela história e ricas tradições de luta dará exemplo a todos os povos do mundo derrotando o imperialismo e todo a reação. 

Viva a unidade do povo sírio na luta contra o imperialismo! 

UNIÃO RECONSTRUÇÃO COMUNISTA
Sexta-feira, 23 de agosto de 2013

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

(NOTAS DA GUERRA POPULAR) Exército Vermelho das Filipinas detona bomba em quartel e incendeia equipamentos de empresa

 
5 de agosto de 2013 - Em resposta às atrocidades cometidas pelo braço armado do Estado filipino contra camponeses, o Novo Exército Popular das Filipinas detonou uma bomba contra o quartel do 71º Batalhão do Exército reacionário filipino na cidade de Mabini, matando seis soldados e ferindo cinco outros, causando um total de onze baixas contra a reação. Dois dias antes do ataque, os combatentes revolucionários levaram como prisioneiro de guerra o soldado Rodello Canada Arignon, que esteve envolvido no assassinato de um político progressista local.
 
18 de agosto de 2013 - Combatentes revolucionários do Novo Exército Popular incendiaram cinco equipamentos de construção que pertenciam ao Departamento de Agricultura das Filipinas. O Partido Comunista das Filipinas acusa o Departamento de Agricultura de ser responsável por brutais atos de grilagem de terras e de expulsão de camponeses e povos indígenas de suas terras. O ataque foi também motivado pelas violações que a instituição filipina vinha cometendo contra seus trabalhadores, pagando a eles salários de somente 150 pesos diários por jornadas de trabalho de 10 horas por dia.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

(MÚSICA) "Song of The League" - Anthem of the ILPS


SONG OF THE LEAGUE
Anthem of the ILPS

Music & Lyrics by Danny Fabella

From every corner of the world
We have come together.
We are bound by a great cause
For freedom, justice and peace.

Under the banner of the League
We all stand united,
As the struggle surges on
Of people against exploitation

Let us break the chain of oppression
Defeat the wars of aggression
With every stride, with every fight,
We shall change the world.

Dare to struggle, dare to win!
The torch of freedom blazing,
Wave by wave let's all march on,
Rage and seize the dawn.

Let us break the chain of oppression
Defeat the wars of aggression
With every stride, with every fight,
We shall change the world.

Let us break the chain of oppression
Defeat the wars of aggression
With every stride, with every fight,
We shall change the world.

"Carajás é da China"


por Lúcio Flávio Pinto, em seu blog Cartas da Amazônia

A nova frente de produção que a Vale está abrindo em Carajás, no Estado do Pará, é superlativa. Trata-se do maior investimento as mineradora em toda a sua história, de 70 anos. Quando os 19,7 bilhões de dólares (em torno de 40 bilhões de reais) tiverem sido inteiramente aplicados, a mina de Serra Sul estará em condições de acrescentar 90 milhões de toneladas anuais à produção da ex-estatal. Com duas outras expansões na área, a província mineral de Carajás passará de 120 milhões para 250 milhões de toneladas por ano de minério de ferro.

Isso acontecerá em 2017, quando o Pará passará à frente de Minas Gerais como a maior fonte de minério de ferro da antiga Companhia Vale do Rio Doce. Será mais do que a relação de 250 milhões para 200 milhões de toneladas de produção entre os dois principais Estados mineradores do Brasil.

O minério de Carajás é mais rico e mais fácil de extrair. Com a exaustão de algumas jazidas de Minas, a Vale terá que se aventurar no seu Estado de origem pelo itabirito, minério mais duro e pobre, para manter a escala de produção.

A diferença mais importante, porém, é o destino da produção. Carajás consolidará a posição da Vale de maior vendedora interoceânica de minério de ferro do mundo. Seu minério, com teor de hematita superior a 66%, tem mercado garantido no exterior, enquanto o produto de Minas será cada vez mais destinado a abastecer o mercado nacional. Carajás será a principal mina de atendimento internacional que existe.

Daí a dimensão extraordinária do projeto de expansão. Enquanto a primeira jazida levou alguns anos para chegar ao seu tamanho de projeto, de 25 milhões de toneladas, S11D dará partida já com 90 milhões de toneladas na bitola.

A partir do início das obras de terraplenagem, que aconteceu no começo drdtr mês, essa meta será atingida em apenas quatro anos, graças às inovações e à diretriz de investir maciçamente no empreendimento, 30% maior do que o custo da polêmica hidrelétrica de Belo Monte.

O mundo tem pressa de se servir de um minério rico, fácil de extrair e de custo proporcionalmente inferior ao de qualquer outra mina das mesmas dimensões, em valores absolutos, embora sem o mesmo teor. Por isso, imune – ou, pelo menos, bem protegido em relação – às flutuações previstas para o setor pelos próximos anos. Uma fonte cativa para os grandes consumidores de minério, sobretudo as siderúrgicas asiáticas, à frente a China.

Mas isso interessa realmente ao Pará e ao Brasil? Numa entrevista que deu ao Valor, o geólogo Breno Augusto dos Santos, o primeiro a identificar o minério de ferro de Carajás, em 31 de julho de 1967 (cujos 46 anos da descoberta motivaram o interesse do jornal paulista), observou: “Se Carajás fosse na China, na Coréia ou na Alemanha, de lá estariam saindo automóveis, locomotivas ou computadores”. E logo acrescentou: “Mas essa não é uma função da Vale”.

Não é mesmo? Este é o aspecto chave da questão. A Vale se livra das responsabilidades pela exploração de minério bruto alegando ser apenas uma mineradora. Outras empresas deviam cuidar do beneficiamento. E o governo, principalmente, devia exercer o seu papel de fomentador desses investimentos.

A empresa não tem culpa se as outras partes não fazem o que lhes cabe. Daí a inexpressividade dos rendimentos que uma atividade de tão grande porte proporciona ao Pará. O Estado não tem agregação de valor à sua riqueza natural e ainda é privado da receita tributária que essa atividade devia lhe oferecer, por causa da imunidade conferida às matérias primas e produtos semiacabados pela nefanda “lei Kandir”, de autoria do então deputado e economista de São Paulo, que lhe emprestou o nome.

Não é bem assim. O Programa Grande Carajás foi induzido pela então estatal CVRD durante o início do governo Figueiredo, o último do regime militar, a partir de 1980. Interessava à empresa ter um prospecto de aproveitamento econômico mais amplo, que valorizasse e legitimasse a concessão federal dada à ferrovia de Carajás.

Fazendo uma análise retrospectiva do “Carajazão”, delegado a um conselho interministerial, diretamente subordinado à presidência da república, pode-se chegar à conclusão de que foi um foguetório de ilusão, uma espécie de para-raios e habeas corpus a um projeto de mera extração mineral. Um boi atirado às piranhas para permitir a passagem da boiada de minério.

Mesmo com a Vale estatal já era difícil ao governo exercer controle sobre os impulsos da empresa e a teia dos seus interesses internacionais, criados, confirmados e cultivados por seus agentes, uma autêntica tecnoburocracia cosmopolita (cujo modelo é Eliezer Batista, o pai de Eike). Essa lacuna se acentuou com a privatização. Tornou-se mais nítida a distinção entre os negócios feitos pela empresa no exterior e os interesses nacionais. Mais do que distinção, o antagonismo.

Ficou evidente o interesse da Vale em agradar aos seus grandes clientes chineses, japoneses e de outros países, sem os quais sua grandiosidade estaria comprometida. A empresa passou a atuar como viabilizadora desses interesses na medida em que se restringia à extração mineral em escala crescente para a exportação.
Adaptando a frase de Breno, pode-se dizer que nenhum governo na China, Coréia e Alemanha permitiria que uma empresa de mineração crescesse de forma a exercer controle total sobre o circuito da extração, transporte e exportação de matéria prima bruta, como faz a Vale no Brasil.

É por isso que sua parte de logística cresceram para dar suporte à sua atividade de mineradora. Ela se agigantou ainda mais, num esquema que tem proporcionado mais divisas ao país, como nunca, mas à custa da exaustão de uma riqueza natural não renovável, como o minério de ferro.

Tente-se calcular quanto o Brasil perdeu por não ter feito o beneficiamento do minério de ferro de Carajás. Um cálculo simples levará a muitos bilhões de dólares em quase 30 anos de extração maciça de minério bruto, que, no caso, é quase sinônimo de minério puro, tal a riqueza de hematita contida na rocha de Carajás.

Para se ter uma ideia da grandeza do novo capítulo que se inicia em Carajás, basta considerar que a Serra Sul possui 10 bilhões dos 18 bilhões de toneladas estimados de reserva, com teor médio de 66,5% de ferro. O primeiro corpo a ser lavrado nessa mineração, que leva a letra D do título do projeto, acumula 4,2 bilhões de toneladas, com nove quilômetros de extensão, a uma profundidade de até 250 metros.

Ao ritmo previsto, a jazida terá 40 anos de vida útil. Ao fim desse período, a maior mina de ferro do planeta será só lembrança – amarga e frustrante por certo, para os nativos. Chegará ao fim sem motivar qualquer reação dos paraenses, que veem o buraco ser aberto sem usufruir o melhor que o minério lhes poderia dar.

Fonte:

Mensagem de Solidariedade da ILPS à Cúpula Antiimperialista


Aos delegados e delegadas da Cúpula Internacional dos Povos sobre a Defesa dos Direitos Humanos e a Vigência Plena dos Tratados e Convênios Internacionais que regem a convivência entre os Estados.

Em nome das organizações, movimentos e povos dos seis continentes que se organizam na Liga Internacional de Luta dos Povos (ILPS em sua sigla em inglês), saudamos em primeiro lugar a realização desta Cúpula Internacional, esperando que os trabalhos sejam exitosos e contribuam para a unidade e luta dos povos que lutam contra o imperialismo e o fascismo em todo o mundo.

Nós consideramos que, frente às agressões do imperialismo, é necessário dar uma resposta organizada, unitária e contundente; consideramos que a agressão que sofreu o Presidente Evo Morales Ayma, possui um significado internacional. Com os fatos do dia 2 de julho fica posto em evidência que os imperialistas e em particular os Estados Unidos, mantém uma dominação política, econômica e militar sobre muitos países do mundo, e que para conseguir se perpetuar como potência imperialista, utiliza todos os meios ao seu alcance ainda quando sejam violadores de tratados e convênios internacionais.

Com a crise econômica originada nos EUA em 2008, que muito rápido se estendeu a todos os países do mundo, a política imperialista se tornou mais agressiva, pretendendo descarregar todos os custos da dita crise sob as costas dos trabalhadores e os povos do mundo; aplicando medidas antipopulares e antioperárias para intensificar a exploração e aumentar o volume de mais-valia extraída, a qual fortalece um minúsculo grupo da oligarquia financeira internacional, e leva a ruína milhares de homens e mulheres de todo o planeta, ao mesmo tempo em que as principais potências imperialistas desenvolvem uma onda de intervenções militar e estão criando condições para uma nova guerra imperialista, que redefina a partilha do mercado mundial.

Porém os povos não cruzam os braços. De 2008 até agora, grandes levantes, greves gerais, rebeliões, mobilizações de rua, e todo tipo de manifestação ocorreram por todas as latitudes do globo terráqueo: Grécia, Espanha, Portugal, Itália, Tunísia, Líbia, Egito, Turquia, Brasil, Chile, Filipinas, Indonésia, Bangladesh, Estados Unidos, Canadá e México, desenvolveram os movimentos mais importantes nesse período. Com isso se ratifica que a luta dos operários, camponeses e juventude está vigente e que há a possibilidade de mudar o rumo da história de nossos países e de toda a humanidade.

Nesta agitada parte da história mundial, a América Latina é um grande exemplo, todos os seus povos formam parte de uma luta contra os mais de 500 anos de dominação espanhola, cerca de um século de dominação norte-americana, e agora mesmo, se enfrenta a intromissão de capital procedente de outras potências imperialistas. Porém ainda com toda essa ofensiva histórica sobre essa parte do mundo, não se nota de nenhuma maneira que se consolida essa dominação imperialista, ao contrário, o que agora se percebe é que se abre novamente uma nova etapa de ascensão da luta dos povos da América Latina, o que nos anima também a apoiar e fortalecer. Chile e Brasil são claros exemplos dessa nova etapa.

Em vários outros casos, esse ascenso do movimento na América Latina, logrou derrubar os governos pró-imperialistas e com muito entusiasmo e coragem os povos impuseram por força da unidade, a organização e a luta de massas, governos democráticos e popular, em particular são os casos da Venezuela e Bolívia; porém o que agora o imperialismo tem como objetivo claro, derrubar esses governos, para posicionar seus asseclas dentro desses países. Frente esses possíveis perigos, nós acreditamos que devemos dar uma resposta de maneira contundente e unitária. Somente o respaldo e a mobilização popular poderá enfrentar a ofensiva do imperialismo.

Rechaçamos firmemente a agressão sofrida pelo presidente Evo Morales Ayma, no último 2 de julho, nos opomos às intervenções imperialistas em qualquer país do mundo, lutamos e lutaremos sempre pelo direito a autodeterminação política, econômica, cultural e militar dos povos; nos opomos claramente à violação aos tratados e convênios internacionais, e mais ainda aos métodos ilegais utilizados pelos EUA, como a espionagem para manter o controle sob países aliados e não aliados.

Fazemos um chamado a todos os povos do mundo, a seguir trabalhando para construir espaços de unidade e luta a nível internacional. Consideramos que é fundamental unificar todas as lutas antiimperialistas, antifascistas, de defesa dos recursos naturais, dos que lutam contra as medidas anticrise, os que lutam por libertação nacional, os operários, os camponeses pobres, os movimentos das zonas urbanas, a juventude, os povos originários, os movimentos LGBT, todos devemos unificar-nos em torno da luta contra o imperialismo e por um mundo sem exploração e sem opressão.

A crise atual foi gerada pelos ricos e eles devem pagar, os povos do mundo não temos porque suportar sob nossas contas os custos dessa crise.

Que viva a solidariedade internacional!

por Professor Jose Maria Sison
Presidente da Liga Internacional de Luta dos Povos
31 de Julho de 2013

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Denúncia do despejo das famílias camponesas da Comunidade Vitória/Cachoeirinha-MG

Reproduzimos aqui a mensagem do Comitê de Apoio a Luta pela Terra de Montes Claros e a Carta Aberta que denuncia o despejo das famílias camponesas da Comunidade Vitória/Cachoeirinha-MG:

Camponeses protestam na rodovia MG 401 em Cachoeirinha diante da ameça de despejo

Pela suspensão imediata do despejo das famílias camponesas da Comunidade Vitória/Cachoeirinha – MG


 Montes Claros, agosto de 2013

O Comitê de Apoio a Luta pela Terra em Montes Claros está organizando uma campanha de apoio político e solidariedade às trinta famílias camponesas da Comunidade Vitória, em Verdelândia. Inúmeros movimentos populares, personalidade e entidades democráticas, como o Movimento Estudantil Popular Revolucionário, o Centro Acadêmico dos Estudantes de Pedagogia e o Diretório Central dos Estudantes da Unimontes, estão unidos em torno da defesa do direito das trinta famílias camponesas que vivem na comunidade Vitória, no município de Verdelândia, antiga Cachoeirinha, de permanecerem nas terras que são suas por direito e exigimos a suspensão imediata da absurda ordem de despejo contra as famílias camponesas, emitida pelo juiz Octávio de Almeida Neves, da Vara Agrária de Minas Gerais.

Estas famílias, organizadas pela Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Bahia, há treze anos, ocuparam a antiga Fazenda Ypiranga, retomando parte de suas terras ancestrais, de onde haviam sido expulsas, no trágico episódio do Massacre de Cachoeirinha, ocorrido no ano de 1967, quando uma operação do 10° Batalhão da PM, comandada pelo Coronel Georgino Jorge de Souza, resultou na tortura e assassinato de dezenas de camponeses pobres, inclusive crianças.

O direito a posse das famílias camponesas da Comunidade Vitória é uma questão de justiça histórica! Essas famílias, remanescentes do Massacre de Cachoeirinha,  vivem há treze anos nessas terras e construíram toda uma vida no local. Os camponeses vivem em casas de alvenaria, possuem água encanada, energia elétrica, estradas, pastos e toda a espécie de benfeitorias. As famílias produzem carne, leite e outros mantimentos que abastecem Verdelândia e outros municípios vizinhos.

Exigimos a suspensão imediata da ordem de despejo e que seja respeitado o titulo de posse entregue às famílias pelo Instituto de Terras – ITER e responsabilizamos o estado brasileiro e a Vara Agrária de Minas Gerais na pessoa do juiz Octávio de Almeida Neves por qualquer forma de violência que venha ocorrer contra as famílias camponesas em função da absurda ordem de despejo contra as famílias camponesas da Comunidade Vitória.

No dia 09/08 uma comissão formada por representantes da comunidade Vitória e seus apoiadores visitaram a Unimontes – Universidade de Montes Claros, denunciando para centenas de estudantes e professores a gravíssima situação de conflito na localidade.

Publicamos Carta Aberta em apoio às famílias e estão sendo organizadas outras ações como atos públicos e visitas a comunidade envolvendo autoridades, advogados, professores, estudantes, entidades de classe, movimentos populares, associações comunitárias, artistas populares, personalidades democráticas e demais apoiadores no Norte de Minas e outras regiões do país.

Conclamamos todos a se somarem na luta em defesa das famílias camponesas da comunidade Vitória, ampliando a denúncia, assinando a Carta Aberta e/ou fazendo contato por meio dos seguintes telefones e endereços eletrônicos, exigindo a suspensão imediata do despejo na Comunidade Vitória: 

Desembargador Gercino José da Silva Filho
Ouvidor Agrário Nacional: gercino.filho@mda.gov.br
Instituto de Terras – ITER - comunicacao@iter.mg.gov.br
Vara Agrária de Minas Gerais: (31) 3330-2362/3330-2250 fax: 3330-2250
Ministério Público de Minas Gerais (MPMG): (31) 3330-8409  e  (31) 3330-9504

Comitê de Apoio a Luta pela Terra – Montes Claros
Contatos: comitedeapoio@yahoo.com.br
  
Viva a heroica resistência dos camponeses pobres de Cachoeirinha!
SOMOS TODOS, CACHOEIRINHA!
O povo quer terra, não repressão!
Viva a Revolução Agrária!

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Carta Aberta: Pela suspensão imediata do despejo das famílias camponesas da Comunidade Vitória/ Cachoeirinha-MG


Montes Claros, agosto de 2013

Apoiamos o direito das trinta famílias camponesas que vivem na comunidade Vitória, o município de Verdelândia, antiga Cachoeirinha, de permanecerem nas terras que são suas por direito e exigimos a suspensão imediata da absurda liminar de reintegração de posse contra o direito das famílias, emitida pelo juiz Octávio de Almeida Neves, da Vara Agrária de Minas Gerais. 

Estas famílias, organizadas pela Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas, há treze anos, ocuparam a antiga Fazenda Ypiranga, retomando parte de suas terras ancestrais, de onde haviam sido expulsas, no trágico episódio do Massacre de Cachoeirinha, ocorrido no ano de 1967, quando uma operação do 10° Batalhão da PM, comandada pelo Coronel Georgino Jorge de Souza resultou na tortura e assassinato de dezenas de camponeses pobres, inclusive crianças. 

O direito a posse das famílias camponesas da Comunidade Vitória é uma questão de justiça histórica! Essas famílias vivem a treze anos nessas terras e construíram toda uma vida no local. Os camponeses vivem em casas de alvenaria, possuem água encanada, energia elétrica, estradas, pastos e toda a espécie de benfeitorias. As famílias produzem carne, leite e outros mantimentos que abastecem Verdelândia e outros municípios vizinhos. 

Exigimos a suspensão imediata da liminar de reintegração de posse e que seja respeitado o titulo de posse entregue às famílias pelo Instituto de Terras – ITER. Responsabilizamos o estado brasileiro e a Vara Agrária de Minas Gerais na pessoa do juiz Octávio de Almeida Neves por qualquer forma de violência que venha ocorrer contra as famílias camponesas em função da absurda decisão de despejo das famílias camponesas da Comunidade Vitória. 

Assinam esta Carta:
Pedro Boi – cantor e compositor – (membro fundador do Grupo Agreste) – Ibiracatu/MG
Prof. Antônio Wagner Rocha – Diretor do Centro de Ciências Humanas – CCH – Unimontes 
Prof. Donizette Lima do Nascimento – chefe de departamento de História da Unimontes 
Prof. Felipe Teixeira Martins – Coordenador do Curso de Ciências Sociais da Unimontes 
Prof. Sérgio Gomes Rodrigues – membro da Associação Brasileira de Antropologia 
Prof. Cássio Alexandre da Silva – Departamento de Geociências da Unimontes 
Prof. Andrea Maria Narciso Padre de Paula – Departamento de Ciências Sociais Unimontes
Prof.ª Maria Geovanda Batista – NEPITI/UNEB
Prof. Tamires Santos Pereira- NEPITI/Dept. História/UNEB
Prof. Wesley Valentino de Moraes- Engenharia Florestal UFMG
Prof. Thaise Maria Dias – Departamento de Filosofia – Unimontes 
Prof.ª Valeria de Jesus Leite – Mestre em História pela Universidade Federal de Uberlândia
Helen Gonçalves Ribeiro – professora da rede estadual de educação – Janaúba/MG
Aparecida de Souza – professora da rede estadual de educação - São João da Ponte/MG
Cebraspo – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos – Rio de Janeiro/RJ 
Adunimontes – Associação dos Docentes da Unimontes 
Diretório Central dos Estudantes – Unimontes 
Centro Acadêmico dos Estudantes de Pedagogia da Unimontes
Executiva Mineira dos Estudantes de Pedagogia – ExMEPe 
Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Têxtil de Montes Claros 
Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Belo Horizonte e Região - MARRETA
Associação dos Pequenos Produtores do Poço da Vovó – Geba/MG
Associação dos Pequenos Produtores de Oleaginosos e Biocombustível – ASPROBIO – Mocambinho/MG 
Associação dos Pequenos Produtores da Comunidade Olaria Barra do Mirador – Miravânia/MG
Associação dos Pequenos Produtores da Comunidade Novo Plano – Manga/MG 
Associação dos Pequenos Produtores da Comunidade Vanessa – Manga/MG 
Associação dos Pequenos Produtores da Comunidade Para Terra I – Varzelândia 
Comunidade Baixa Funda – Manga/MG
Comunidade Unidos Com Deus Venceremos – Pedras de Maria da Cruz/MG
Comunidade Trevo – Juvenília - MG
Movimento Feminino Popular – MFP 
Movimento Classista dos Trabalhadores em Educação - MOCLATE
Kátia Gonçalves dos Santos – Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação – SINASEFE - Januária 
Zé Andrade -  Conlutas – Coordenação Nacional de Lutas – Montes Claros 
Arimar Gomes dos Santos (Mazim) – assessor da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar em Minas Gerais – FETAEMG. 
Hosano Felix Silva – Federação Nacional dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados de Petróleo no Brasil 
Núcleo da Liga Operária em Montes Claros 
Comitê de Divulgação do Jornal A Nova Democracia em Montes Claros 
Levante Popular da Juventude Montes Claros 
Grupo Hip-Hop Atitude Montes Claros 
Movimento Estudantil Popular Revolucionário 
Comitê de Apoio a Luta pela Terra em Montes Claros
Deyvisson Felipe Batista Rocha – sociólogo, Centro de Agricultura Familiar – Matias Cardoso/MG 
Greiciele Soares – moradora de Verdelândia e acadêmica do Curso de Ciências Sociais na Unimontes

domingo, 18 de agosto de 2013

(NOTAS DA GUERRA POPULAR) Vitoriosas emboscadas do Exército Vermelho da Índia


5 de agosto de 2013 - Um soldado da "Força Policial de Reserva Central" foi executado numa emboscada feita pelo Exército Guerrilheiro Popular de Libertação em Chharrisgarh. O agente Manjunath Ishwargouda Mudukangoudar, executado, pertencia ao octagésimo quinto batalhão da FPRC.

8 de agosto de 2013 - Uma unidade do EGPL executou um informante da polícia de vinte e nove anos de idade, identificado como Ashish Tuddu. Seu corpo foi encontrado no distrito de Bokaro. No local da execução, os revolucionários deixaram cartazes que todos os informantes da polícia do distrito teriam o mesmo fim.

9 de agosto de 2013 - Uma unidade do Exército Guerrilheiro Popular de Libertação executou o reacionário o Uike Bodaru, morador da aldeia de Kunded e ex-membro do grupo paramilitar de extrema-direita "Salwa Judum". Uike Bodary estava envolvido em inúmeras matanças contra civis e simpatizantes do Partido Comunista da Índia (Maoísta).

13 de agosto de 2013 - Três paramilitares de extrema-direita, das "Forças Armadas de Chhattisgarh", foram executados numa emboscada realizada por combatentes do EGPL, no distrito de Narayanpur, em Chhattisgarh. Os paramilitares realizavam uma operação de vigilância na região quando, por trás das matas, os combatentes revolucionários abriram fogo contra eles. Dois morreram no local de combate e o outro não resistiu aos ferimentos quando estava a caminho do hospital.

sábado, 17 de agosto de 2013

Lúcio Flávio Pinto: Ritmo de exportação de minério de ferro de Carajás “é crime de lesa Pátria”


por Luiz Carlos Azenha

Recentemente passei quase três semanas no Pará, viajando pelo estado. Notei, nas bancas de Belém, a presença sempre destacada do Jornal Pessoal, do repórter Lúcio Flávio Pinto, que também tem versão digital.

Comprei o dossiê que ele preparou sobre a Companhia Vale do Rio Doce, sobre o qual o Viomundo tinha publicado um texto, reproduzido da Adital.

Dias depois, tive um breve encontro com o repórter na praça da República, onde fica o lindíssimo Teatro da Paz, herança dos tempos do ciclo da borracha.

Há, é importante frisar, um paralelo entre o ciclo da borracha e o ciclo do minério de ferro, que sai de Carajás, no sul do Pará, ao ritmo de 100 milhões de toneladas por ano: nenhum deles enriqueceu o estado.

Em nossa conversa, Lúcio Flávio confessou que sentiu um nó no peito toda vez que viu o trem carregado de minério partindo de Carajás em direção ao porto da Ponta da Madeira, no Maranhão, onde é embarcado para exportação.

Ele se sente tão indignado com o assunto que, além do dossiê, lançou um blog, no qual pergunta: a Vale é mesmo nossa?

O que mais deixa o repórter preocupado não é o fato de que a Vale engorda, enquanto o Pará emagrece. Nem o fato de que as ações preferenciais da empresa, aquelas que têm prioridade para receber dividendos, são controladas majoritariamente por norte-americanos. Ou seja, um novaiorquino dono de ações da Vale ganha muito mais com o minério de Carajás que o paraense que vive em Marabá ou Parauapebas.

O que deixa o jornalista indignado é o ritmo das exportações de minério de ferro de Carajás, nas palavras de Lúcio Flávio “o melhor do mundo, com o dobro de teor de hematita que o minério da Austrália”, outro importante fornecedor da China e do Japão — que compram 80% das exportações brasileiras.

Quando a exploração de Carajás começou, em 1984, a previsão é de que a mina duraria 400 anos. Ao ritmo de 100 milhões de toneladas por ano, que devem crescer para 230 milhões em 2016, a previsão agora é de que Carajás dure mais 80 anos, diz Lúcio Flávio. “Um crime de lesa Pátria”, “um crime que viola a soberania do país”, afirma.

O jornalista traça um paralelo com a exportação de manganês da Serra do Navio, no Amapá. Durante 50 anos, os Estados Unidos importaram 1 milhão de toneladas anuais do Brasil. E até hoje guardam estoques estratégicos do minério brasileiro, de altíssima qualidade, que misturam ao minério de baixa qualidade para garantir a siderurgia local, dependente em 90% das importações.

A mina do Amapá se esgotou em 2002. Qual foi o legado principal para o estado? Quando se descobriu que o manganês fino tinha uso industrial, foi implantada no Amapá uma usina de pelotização, que usou grandes quantidades de arsênio no processo. O arsênio hoje contamina o porto de Santana em doses muito superiores às recomendadas pela saúde pública.

Para Lúcio Flávio, os chineses estocam o minério de ferro brasileiro de forma estratégica, além de transformá-lo em bens de imenso valor agregado.

No dossiê, pergunta: “Temos algum controle sobre o processo de formação de preços? Quem estabelece a escala da produção, que está duplicando, para incríveis 230 milhões de toneladas, em 2015, a atual produção de Carajás? Atraídos pelo canto da sereia dos preços altos, estamos renunciando a uma ferramenta poderosa de futuro e, com ela, à possibilidade de agregar mais valor ao processo produtivo?”.

“A Vale é boa para si e os seus grandes clientes. Mas não — ao menos na mesma medida — para o Brasil”, conclui.

Fonte: